sábado, 27 de fevereiro de 2010

Quem quer?

Eis que vos digo: enquanto tento fazer algo de interessante em meu novo emprego eu ouço música. Normalmente as mp3 me bastam. Mas nos últimos dias senti saudades dos meus velhos amigos da Band News FM.

Quinta-feira pela manhã. Dia chuvoso. Nada para fazer no trabalho a não ser começar mais um livro. E lá fui eu em minha nova empreitada. Com notícias como trilha sonora.

Lá pelas tantas de mortes planejadas e embaixadores sem experiência
¹, escutei algo que me tirou a atenção do livro que estava. Era a coluna Devaneio, onde o ator Juca de Oliveira, sim, aquele que você achou que estivesse morto, declama poesias. E dessa vez foi Rifa-se Um Coração, de Clarice Lispector. Gostei tanto que resolvi compartilhar. Segue:


Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que
Tim Maia estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva
a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo
em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que abre
sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.

Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.


Sim, o post acabou ficando grande. Mas gostei do poema, então leia.

E o meu "descanse a vista" vos basta!


¹ Leia Windmills Of The Gods by Sidney Sheldon.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sonhos

Tive um sonho. Neste sonho eu estava sonhando com um sonho que você me acordava de um sonho estranho. Então você me acordou no terceiro sonho. E percebi que o segundo sonho tinha acabado. Então acordei do primeiro sonho. E percebi que você era a pessoa dos meus sonhos.

Tentei dormir novamente para sonhar com você. Não consegui.

Saí de casa te procurando, o mundo estava deserto. Procurei até acordar novamente. Percebi que você também não estava lá.

Todos esses sonhos me deixaram confusos. Não sabia se você era real. Não sabia se era apenas coisa da minha cabeça. Deixei pra lá...

Certo dia, andando pela vida, te vi! Não conseguia acreditar! Meu sonho na minha frente! Então corri na tua direção. Não conseguia te alcançar. Percebi tudo e acordei novamente. Dessa vez chorando. Queria que você fosse minha realidade, não apenas meus sonhos.

Decidi que te procuraria até que, chegado o dia, caisse no Sono Profundo. Te busquei em todos os lugares. Fui longe. Não te achei. Estava quase desistindo quando percebi que você estava do meu lado, sempre, e eu não via. Enfim te encontrei! Meu sonho se tornando realidade. Você é isso.

Mas a vida não é feita apenas de sonhos. Você teve que ir. E eu fiquei lá, acordado, sem meu sonho, sem minha realidade... Será que o sonho acabou? Não quero acreditar nisso. Quero que a realidade volte, para que possamos sonhar os mesmos sonhos e viver a mesma realidade.

Dessa vez não foi apenas um sonho. Eu pude te sentir, como sinto o ar que respiro. Percebi que você é real, e o único fruto da minha imaginação foi acreditar que viveria apenas sonhos e não realidade.

Mas quem sabe o que o futuro tem para nós? Quem sabe isso tudo não é um sonho, e que um dia acordaremos lado a lado? Assim espero, mas, de qualquer forma, é o que posso fazer: esperar!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Revelações...

Eis que vos revelo algo: músicas meio psicodélicas (?!), café e outras coisas mais me fazem sentar no chão de minha sala, com papel e canete na mão! Claro, como na maioria das vezes, sem muita idéia do que escrever. Talvez por causa de minha confusão mental.

Parece que o papel me entende, ou algum de meus poucos leitores...


A questão é: sinto essa necessidade de juntar as letras, palavras, frases, parágrafos, mesmo que seja para não dizer absolutamente nada! Ou achastes que eu, o criador deta exposição de pensamentos comumente chamada de "blog", desvendaria o "Mistério de Felippe" e publicaria nessa rede tão cheia de curiosos?


(Meu café acabou... Volto já...)


Não! Digo-lhes uma coisa: para conhencer alguns de meus segredos tornai-vos meus amigos íntimos. Mas, caso queiram descobrir todos meus mistérios, ou os mais secretos, desistam. Só há um que tem capacidade para isso. E esse "um" é Deus.


Continuo escrevendo sem destino, com café quentinho na caneca. Como disse, não tenho programação para postar aqui. Isso não é um periódico! Mas não os deixarei carentes de minhas palavras por longos períodos. E quando digo "longos períodos" quero que entendam "meses"!


Enfim, após intricada explanação sobre tanta nuga, deixo-vos.


E o meu "estejam em paz" vos basta.