quinta-feira, 27 de maio de 2010

O Retorno do Rei Dragão

Acordei. E o que vejo me deixa furioso: toda a cidade jaz em cinzas. O que aconteceu com tudo? Quem foi o responsável por isso?

Enquanto ando, vou catando os pedaços do que havia. Tudo aquilo que um dia fez deste lugar um aconchego, está destroçado. Parece que se passaram vários anos, mas sei que isso é trabalho de apenas alguns meses.

Enfim, encontro o responsável por isso:

- O que houve por aqui?
- Não sei... Acho que me deixei levar... Eu sei que a culpa é minha...
- Exatamente! Por que você tem que ser assim tão frágil?
- Eu me deixei enganar... Deveria ter parado e lutado enquanto podia... Mas decidi acreditar no que não devia...
- Agora você terá que dormir e deixar tudo sob meu comando. Te chamarei se precisar.

Ele vai para um canto e se prepara para dormir. Sei que isso vai demorar. E enquanto demora, ele me atrapalha.

Começo agora a reconstruir toda a estrutura do que um dia foi uma bela fortaleza. Nada a abalava. Até deixá-lo tomar conta. Eu sabia que não deveria ter dormido. Mas precisava.

Aliás, a terra precisava. Enriquecimento do solo, troca das águas, e mais: tudo que está aqui destruído, e todas as marcas que foram deixadas, servirão para deixar o lugar mais forte.

Não será a mesma coisa de antigamente. Será melhor. Uma fortaleza mais bela e forte. A casa mais bela que alguém já pode ter visto.

Sim, a reconstrução será difícil. Há muito para fazer. Mas não não é impossível. Já fiz isso várias vezes. Em todas elas fiquei mais forte. Mais preparado para a próxima. E é assim que vai ser.

Como é bom estar de volta.

Ele ainda não dormiu. Mas vou deixá-lo assim. Melhor para ele. Para que também se torne mais forte. Um dia reinaremos em harmonia, em equilíbrio, como fomos criados. Nesse dia tudo estará em equilíbrio. As terras frias e as quentes se entenderão. Flores não terão problemas em nascer em meio à neve. Como anseio por esse dia!

Mas, por enquanto, reconstruirei o que deve ser reconstruído. Lançarei no fogo o que deve ser esquecido. Guardarei as relíquias. Limparei a casa. O equilíbrio não chegou, mas está próximo.

Continuo trabalhando para Nosso Mestre. Ele sabe o motivo de todas as coisas. Mesmo as ruins. E tudo isso é para nosso bem.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Não Morno.

Será que saio daqui triste? Ou feliz? Confuso, talvez? Acho que saio frio.

O ar gelado do ambiente invade-me as narinas, se move até os pulmões e, ali por perto, começa a criar uma bola vermelha de gelo. Não sinto mais aquela pulsação. De alguma forma, meu calor é levado pelo tempo, que, mesmo não sendo dos mais belos, cumpre seu desígnio.

Enquanto permaneço aqui, meu cérebro também começa a ser afetado. Perdendo o calor e a luz que havia nos meus pensamentos, começo a parar de pensar.

Parece a morte. Aquela indolor e silenciosa, mas fria.

Algo chama a minha atenção. Olho, e é como o sol. É uma estrela. Seu brilho e seu calor me tocam. Por mais que esteja distante, ainda sinto seus efeitos.

Um sorriso começa a se formar em meu rosto. Meus olhos ganham uma pequena faísca.

Aquela estrela, que está lá longe, me aquece. Começo a derreter por dentro. Meus pensamentos começam a florescer. Mas ela continua lá. Não se aproxima, não deixa que eu me aproxime. Mas está lá.

Sei que não a alcançarei, nem terei a chance de me banhar na plenitude de suas chamas, mas fico feliz em saber que a estrela lança alguns poucos raios em minha direção.

Estou melhor. Meu coração trabalha, meu sangue se move.

Mas o frio está ali. Me olhando. Esperando que a estrela se esqueça e não mais me aqueça.